terça-feira, 31 de março de 2009

Estrada

Estrada

Hoje, chove... Em gotas finas... O fio do outono chega... Nas ruas, carros cobertos de uma camada superficial...
Posso correr meus dias... Hoje, fui à serra... Tu sabes, a de todos os dias...
Nem acredito que vi as orquídeas... Sempre dizem: _ Alô, bom dia!!
A serenata, eu diria... Teu canto ao pé do ouvido... Teu respirar... Teu envolver, logo cedinho... Ouço o canto, passarinho.
Nos morros que aqui rodeiam... A casa, em plena mata... Circulamos, por ruas soltas... Feito círculo... As tuas mãos, em mapas...
Posso conter cada segundo... Já estamos, onde chegamos... O mês chegou... O brindar dos planos.
O ritmo acelerado dos corpos em movimento... As mãos em contado guia... A voz que estremesse o chão...
Ouvir... Ouvir...
Serei os risos que gostas... Serena, com gosto de fruta... Um enlace, como pediste... As heras da cachoeira... Sereia... No oceano.
Meus pensamentos, teu contato... Teu chamado, noite e dia...
Ontem fui buscar o que me deste... Hoje, ninguém sabe o que faria...
E o riso que brota à face... A cada beijo que anuncia... Já fui fumaça... Já fui Maria...
Na estrada de ferro que a vida traça... Nas correntes dos teus braços... Posso atravessar cada gesto... Basta seguir teus passos...
Hoje, eu fui à Serra... Da estrada velha " Estrela"... Aquela que tu me deste...
Fui cigana preguiçosa... Devagar rodando o destino... Fui argolas... Fui morena... Fui encanto,
passarinho...

domingo, 8 de março de 2009

Contorno...


Contorno...

Ouço a luz emanada pelos teus olhos... Claros momentos de tela plana...
Um teatro de cores... Tamanho o recorte, nas pinceladas cruas do destino... Psique?
Chegou o dia em que as minhas vistas levam-me ao infinito...
Um viajar pelas encostas de um vulto marginal... Até chegar a casa... O mar bate com bravura, nos rochedos que delimitam o espaço de areia... Aproxima-se cada vez mais... E, no outro dia, ficam apenas as marcas de suas lágrimas com gosto... No chão.
Eu vi o lugar assim... O mar... O som...
Em mais um rascunho das telas... Pude olhar o horizonte em linha...
Havia a revoada matinal... O ruído das folhas craquinando o andar... O contrário fascina-me... O andar é apenas passo... As folhas, o foco.
Uma ordem gramatical embalada pela Literatura... E o poeta desliza as gotas de saliva inconsciente...
Queria ter as artimanhas, em goles... Saber o que de fato está escrito... No entalhe das curvas do meu corpo...
Mas, conheço as cartas marcadas... Em riso, encontro-te comigo...
Fiz um elo... Juntei os gomos... Sou de outro tamanho.
Ouço os ditames da música... Sou as vestes que retiro aos poucos... Um embrulhar da pele... Os contrários vistos aos olhos-espelho...
Construo, em sonhos, as estradas de cimento armado... Puro relato...
Eu vi um lugar assim... Tijolos.

Publicado no Recanto das Letras em 07/03/2009 Código do Textos: T1473656