segunda-feira, 17 de maio de 2010

Vale dos Sinos

Vale dos sinos...

Era um lugar, envolto em brisa, tal e qual a poesia...
Em galhos retorcidos pelas noites... Em pétalas alimentadas pelos dias.
Éramos nós... Verdadeiros carretéis.
Teciam-se os tapetes mais lindos... Com o côncavo perfeito das diretrizes... Gabbet em melodia do enlace... Das luas corroídas pelas fases.
Adornados os mantos... Os ombros escondiam a luz que vinha dos olhos... Multicoloridas facetas... Nuance tingidas pelo golpe do pulso nas pedras.
Era um lugar, onde mantíamos o ritmo das ondas... O vale dos sinos... As muralhas crescidas para os outros sóis...
Valendo-se do dito... Aquele, proibido... Moveram-se todas as faixas... Pedestres em folhas secas... De um outono que ainda nos alimenta.
Entregar-se ao som dos sinos... Ter nas mãos o adornado coração... Seguir nas estradas de mim... Encontrar-me, em tua construção de lenços...
Havia risos, desde o início... Sentir, no peito, o quão maravilhoso pode ser um precipício...
Escolhas feitas... Jogar-se ao chão... Enquanto o voo está no escorregar das pernas... Contra-mão...
Despi-me das meias verdades... Fui clara ao oposto... Em outros tempos, não teríamos a mina d'água que, um dia, salivará na boca esperada.
Enlouquecidos são os ditos que se calam... Os que permitiriam o lugar em fios de prata... Os tapetes foram feitos de estrelas, à explosão das lágrimas...
Havia um novelo, quando esticado, chegava ao limite... Da prática...
Inimagináveis florestas... Em crisálidas enroladas...
Sementes que debulhei aos teus pés... Onde ficavam os olhos que eu plantava...

Um traçado

Um traçado...

A vida é assim... Vento... Prosa... Poesia...
Em cantos, asfalto breve... Bravo colosso... Magestade com diamantes... Cristais.
Ouvi sinos... Poderia dizer-te novamente...
Lembrei-me de uma frase dita... Agora, entendo o que me diziam em letras chorosas e quentes...
A vida é assim... Sem conformismo... (Que os céus ou a Terra me impeçam de saber disso...)
Olhei as folhas dobradas em barco... Cada partida, em velas sopradas pelo beijo adormecido em uma tarde...
Amei... Acordei em sol colorido...
À memória, as gotas de um dia.
Ouço a sintonia do futuro... Um cíclico embalo do fluxo que, sorrateiro, me encanta...
Vastas muralhas... Perdidas batalhas... As cruzadas... Encruzilhadas...
Movi o recorte dos lábios, apenas para dizer a ti que o tempo é falho...
Amassados os papéis com nossos corpos... Celestes azuis, em metáforas cinzentas...
A vida é nobre... Nós que apenas uma certeza deixam: A morte.
Diária transição das células... Pólvora descoberta... Traçado milagre...

domingo, 9 de maio de 2010

Teatro

Teatro...

Lançadas as cortinas...Abrem-se as portas... As janelas... Os sonhos...
Os autores... Os atores... As cenas que serão fagulhas com o tempo...
Nada fica para sempre na memória distorcida...
Seletos, somos...
Guardiões das sementes que cuidamos... As demais coisas, planos.

Vi a luz colorida da fonte... Joguei as moedas da sorte...
Fiz do arco-íris, o pote de ouro... A estrela-guia... A mina d'água...
E, entre ditos e lendas... Um teatro... As máscaras dão-me medo...
Aplaudo as cadeiras ocupadas... mas,...
Sempre olho as cadeiras vazias... Elas relembram ao ator os dias sem público... Os dias de solidão.

Vozes graves... Altas... Em bom tom...
Caras amareladas... Feito o antigo papel de pão...
Seres perdidos... Encontram-se... Aproximam-se...
Dão as mãos.
As minhas... São apenas minhas... Escolho o foco e a direção...
Aplausos!!

Silencio a noite

Silencio a noite...

As luzes acesas não dizem mais nada... Eram passos nas calçadas...
Um andar sob o outro, ou será sobre o outro...?
A ordem do dicurso não altera a forma crua do imóvel sentido... Um e outro.

Algumas falas dizem o avesso do que desejaria ouvir...
Eram planos os obstáculos... Agora, crio grumos... Bolas que andam sob a pele...
Vento forte... Poesias... Migalhas que dissolvo em minha garganta trêmula.

Certa vez, quando amanhecia, olhei as folhas do outono gravadas na parede... Fiz da imagem um ponto de chegada... Recortada...
Agora, brinco com os moldes que guardarei na memória.

Olhei em volta... Corri... E não cheguei...
Outros planos... Outras criações... Outras sílabas que nunca chegarão aos pulmões.
Em versos digo o amor que sinto... E, às linhas, deixo o que já não sei.

Penso, logo eternizo... Um parafrasear o nada que fora dito...
O tudo que vira precipício... Morro e nem sinto....
A janela precisa ser adequada... Nem vento...Nem sol... Papéis!

Ainda vomito as frases que deveriam ser ditas... Gasto cada saliva, para que o tempo não me cobre a falta de palavras...
E o resto?... Resquícios do que um dia achei que merecia.

Ah! As frases permeiam as encruzilhadas... Às equinas, deixo o sabor da descoberta...
Algo novo... Algo que ainda não recebi... Um olhar que desafiaria os arrepios...
Ou a coragem.

Vento que saboreia das artimanhas dos discursos falhos...
AMAR apenas uma parte do todo...
Sou a interface dos pedaços que me compõem... Apenas a cola cósmica... EU.

Silencio a noite... Nem planos... Nem lembranças...
Renovam-se as células... Desconheço-me, quando com frio...
Amadurecidas sentenças... O gosto alvo de uma erva daninha... Queimo e renasço...

Enquanto a noite será guia do que já não entendo mais...

Uma História

Uma história...

Às voltas do coração...
O beijo guardado... Manco... Solidificado pelas frestas...
Amaciados pela vontade... Cuidados.

A minha alma canta... Dança em contradição...
Vira pulmão...

Fiz as malas... Rasguei as sedas... Colhi, das rendas, os artifícios...
Elos de uma morada em ventania...
Enamorados... Sem rumo certo... Incerto recado.

O coração pulsa... Lança as falhas... Trocas...
Vira embalo:

Olhei... Cheguei tarde...
Voltei... Guardo na memória...
Olhei... Bela passagem...
Criei... Uma linda história...

Latas Escaldadas

Latas Escaldadas...

O meu poema tem o gosto das sílabas roucas... Das margens salientes... Das curvas diagnosticadas...
As voltas de uma esquina... Do meu corpo em movimento... O ar que julga cada verbo... Monossílabo entendimento.
E as gravatas... Lisas... Soltas... Latas escaldadas...
O meu pé de laranja-lima... As sílabas andarilhas... Bailarinas são as prosas.
Levaram cinco dias para revirar as dobras... No baú das enciclopédias, rastros das palavras que, em meio termo, são nossas.
Para onde fui, quando o destino retalhava as cordas de um violino... Dos pelos compridos... Dos anéis... Das válvulas que nos escapam entre dedos.... Dos elos que criamos e corrompemos, com a palavra tempo.
Palavras... Roucas... Mancas... Que saem pelo umbigo.
Arranco as luzes que saem pelas frestas de lamparinas flácidas.
Que seja o dito... O lamber da face as gotas de orvalho cru... Que seja mito... Precipício...Esconderijo...
Que a rima falhe... Que os versos bradem... Que o dia passe...

domingo, 2 de maio de 2010

Acordar


ACORDAR

Desamarro os nós...
Morro ao infinito...
Que visto seja... Que seja dito.
Visto-me de arames... Vestida de gostos... De zelos... De selos dourados... De goles antigos... De versos multicoloridos.
Ainda sinto... Vasos e veias... Uma lembrança.
Passeio pelas vias e voltas... Vozes e sonhos. Mais uma reviravolta...
Moldo o que desconheço... Desconhecia a face do silenciar o peito.
Ouvi o que deveria ser dito... E... Nas entrelinhas de mim... Passo lenta.
As gotas não lambuzam mais a face... Engulo o choro... Não posso fazer milagres.
Abandonadas as rimas... Permito-me olhar para o lado... Acordar, ainda dói.

A canção


A canção...

"Me dá um beijo, então... Aperta a minha mão... Se é loucura, então... Melhor não ter razão..."... LULU...

As voltas de um dito... Da tua voz em meu ouvidos...
E... Se por ventura, eu ficar... Melhor eu parar e ouvir... A canção da minha própria inspiração?... Piração?

"Dá-me o beijo,..."... E... os risos ficam soltos...
Mostre-me o dançar ... O tango... O balé das cores... O pranto que rola na tua face...
Ou vire-se do avesso... De cambalhotas... Mostre-me do que és capaz...

A canção que sorri em meu peito... Não vasculha a alma lenta...
Sufocaria... "Eu sou terrível..."...
Ventos e rimas... Boa música, em minhas tramas...

Ah!... "As dores são imcapazes..."...
Devolva-me o que roubaste... Devolvo-te, aos poucos, a grande parte que me emprestaste...

Seguro e fato... Deixo contigo uma parte de mim...
Um inteiro, da metade...
O tamanho das letras... O circular do SOL afinado...

Uma parte que ficaria...?...
A canção das medalhas que circulam os lenços da minha face...

Parâmetros

Parâmetros...

Medidas e planos... Veias e enganos...
A lua afirma o dito... Mais uma noite... Mais um dia...
Afirma-se tanto... Risos e plataformas... Sedentas melodias... Mas, não há a mesma medida.
Cai-se nas linhas de palavras soltas...
Procura-se o olhar que seria o horizonte... Parâmetros delineados pelos dedos nas teclas... Digitais de um futuro marcado... Estipulado pelas voltas que ainda sigo.
Parceiras, sim, são as retas paralelas...
Ainda sinto ... Distribuo páginas pelo chão.
Andei pelas vias e redondilhas... Soluço versos... Amo nas entrelinhas de um vulto que se cala.
Apasiguo as estradas de mim... Solto os calcanhares... Ainda não chegou, o peito rarefeito.
Vasculhei as gavetas... As telas... As lembranças...
Fiz do prumo, rumo... Fiz das voltas, manhas... Fiz de mim, o dito.
Permito o trabalho corrido... Um dia, não estarei mais em âncora...
As asas silenciam...
Seguem-se linhas... Esqueceram de avisar que o tempo é curto... Curvo.

Páginas

Páginas...


Olhei algumas fotos... Revirei algumas gavetas... Fui ao consciente subconsciente...
Andei de costas...
Salvo algumas dobraduras, olhei com mais firmeza o gosto que tem a vida.
As páginas de mim... Açucarados dias... As folhas de papéis.
Nas esquinas, tão soltas de mim, posso recolher alguns ângulos... E ditar os arcos que tanto amo...
Formas e balanços multicores...

Ouvi sinos nas pontas dos dedos... Fantasioso dito, mas verídico... A poesia ganha asas, ao pé do ouvido.
Maravilhas... Pessegueiro... Leve canteiro... E o repetir das manhas... Das manhãs.
Às vezes, quase sempre... Enlouqueço o dito... Uma saraivada de pétalas sobre o corpo das letras... Lenços, levemente, despindo o ventre...
Plantam-se sementes... E os nós são lançados sob os lençóis das páginas.
Brinco com as máscaras... Veneza, nunca mais será a mesma...
Lapida-se os dias... Com versos, música e prosas...