terça-feira, 27 de abril de 2010

Mãos


Mãos
Eu estiquei a mão... mas, não encontrei a tua...
Guardei-a, próxima à boca, numa tentativa de manter o controle das lágrimas...do sorriso...
Eram caminhos... Foram-se as esquinas... A poesia brinda o futuro que se espalha.
As palavras que Precisam ser ditas... As ações que devem ser medidas...
O espelhar nas próprias falhas... E modificá-las, antes que seja tarde.
Olhar em volta... E perceber que o olhar do outro já desvia.
O descobrir... Cobrir os dias... Com outros momentos... Com outras vias.
Surrupiei das folhas que vi... Que o lapidar só serve para o lado da lâmina...
Ficarei em concha... Guardada para outra ventania...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Últimos versos


Últimos versos...

A estrada nem começou a sumir dos meus olhos... Ainda sinto o gosto das flores que criamos... Mas, os versos se fundem à respiração profunda...
Hiato, embalado pela ousadia, faz-se canto.

Surrupiei, das cores mais nobres, meu encanto...
Fiz, das brumas, as cortinas dos enganos...
E foram muitos... Muitos planos...

Corri e não cheguei a tempo das maravilhas...
O gato lança o sorriso aberto a todas as Alices... O país das armadilhas.

Aos devaneios reversos... Faço o alarde mais doce... E o mundo contrapõe-se...
Diz ao vento que é correria...
Diz ao mar "nada de calmaria"...
Dia a lua "fui minha... fui tua".

Os últimos versos são o suspiro da alma... Fui clara estampa... Migalhas soltas nos calcanhares de maria, de joão.
A chave mágica das soluções... Guardada a sete chaves... Opinião!
Marcado os dedos, nas barbas azuis do infinito... Ou morre em palha a história adormecida.

Aos últimos versos, deixo as badaladas cardíacas... Deixo o prumo que não chega... Deixo soltas todas as rimas...
O vento enrola-me no destino... Faço do recuo a mudança proferida... Abro o braço para o acaso...
Deixo o fluxo levar-me em ondas...

E, se por ventura, os pés forem seguidos... Acompanharão os passos observados pelo gosto da memória... E que sejam abraçadas todas as metáforas...

Aos últimos versos, deixo a melancolia do amanhã...

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Solidão

Jogo-te contra a parede
Sem dó...Sem pena... Um retrato...
Desfaleço à minha maneira.
Acoberto-te... Aberto abraço... E suplemento o meu dia com as tuas manias...
Aflita,ando em passos lentos...Saudades...
Solidão de ti, a todo momento.
Construo muros... Plantas... Riachos.
Ilumino os andaimes... Os ritos e migalhas...
Depois, sorrio as gargalhadas.
Lembro-me da face...Das mãos atrapalhadas...
Lembro-me do canto...
Depois, jogo-te na parede, novamente
Amo-te baixinho... Um vulto... Um lenço... Um movimento.
Solidão de ti só chega quando eu aguento...
Depois, A pele dança... O sussurro agita... O gemido inflama.

domingo, 18 de abril de 2010

Ainda não vi...


Olhei, na noite silenciosa, o rastros das palavras ditas...
Um vasto caminho em sílabas... Um montante de risos e choros.
Ainda não o vi de fato... O Amor escancarado...
Ele passa, desajustado... Diz o que a mente anuncia... Mas, não vem à tona... Dorme em berço desconhecido.
Um dia, entre milhares de notas seletas, encontrarei a palavra mais certa...
O mundo que precisa de movimento... A paixão que precisa nortear meus pensamentos... Água clara... Límpida de véu e lenços.
Ainda não o vi, de fato mesclado. Nem, tampouco, corri para os seus braços. Tanto tempo corrói as lâminas da história... Fica o rumo, mas perde-se a trajetória...
E, se as luas são todas tuas... O que de vasto abrigo dirigido resta?... O nada em caos consagrado... O aperelho imobilizado... Ou as lacunas dos dias... Afirmo o requintado mármore. Respiro lassa.
As transparências das telas... O ouvir o mel da verdade... E ser minha em frágil embalagem que, não tarda, esvai-se.
Posso guardar-te em caixas coloridas... Da face exposta, a guarida... Mas, não posso aguardar-te em conchas que em muitas praias brilham.
Ainda não vi... O que beijo roubado alcançaria... Tenho medo e desejo, nas tardes frias.

12:24

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Romântica

Pensei que as flores contornariam a pele...
Andei pelos frascos mais seletos... Ouvi o chamado da lua... Tua!
O passado que se recorda... As folhagens que caem na calçada... Um jeito de olhar o mundo.
Quando as pétalas desfolharam a alma... Olhei... E vi o céu...
O corpo em dança... A face sorrindo à toa... E o mundo um grande carrossel... Criança.
Via-se o dedilhar da canção... As batidas do coração... E o andar de mãos dadas.
O colo pede o sufoco... E apenas o adorno escolhido.
A joia mais rara... A vontade mais seleta...
E dizem que o mundo não gira. Onde me lanço, então?... Rios... Ruas... Ou tuas mãos.
Ainda encontro, não há mais saída... As vestes que tombam... O olhar mais seguro... As atitudes que me guardarão...
Uma caixa de lembranças... Meu sorriso... Minhas sílabas, estampadas no que digo...
Que seja falho esse romantismo... Falhadas rotas... Morcego perdido... Guardo-o comigo.

Sorrio de mim...



Sorrio de mim...

Estive pelas frestas...
Suei em versos o amor infinito... Fui algum dito.
Misturei-me entre o sonho e a realidade... Tive pressa...
E... As dores que marcaram o peito... Não foram escutadas de fato... Um retrado, emoldurado pelos laços.
Ainda me perco nos olhos que não entendo... Sorrio de mim... Por entregar-me tanto aos sonhos.
Ainda digo... Ainda amo... E os planos?... Desses, tenho de ter distância.
Os meus passos são largos... Gosto das atitudes que definam... Mesmo que mudem.
Não aprendi a esperar... Canso... Atrapalho-me, porque as mãos não sabem digitar no vácuo...
Meus versos... Minhas vontades... Minhas algemas...
Ouvirei o pássaro... Plantarei alguns galhos... E, perdida fico, nas folhas que caem.
Ainda não sei... Preciso morrer, para aprender a não ser eu.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Vou



Vou...


Vou... Embora, o mundo se precipite...
E as luas solucem mansas...
E a vida apareça em parte.

Vou embora...
Não que a face retrate...
Nada que seja disparate.
Sagrada... Profano... Ajustes... Engano.

Embora os aplausos cedam...
Sedada fico... Não amanheço.
Gostos e giros... Lentos precipícios...
Momentos...

Lacunas soltas... No céu da minha boca.
E que se rasguem os medos...
Desafios... Tropeços.
Em frestas, vultos.
Absurdos que emanam da mente...
Demente... De repente?... Grito.

Saí pelas esquinas...
Pelas dobras... Pelos avessos.
Nada fica... Somente gente... Aflita.

Vou...
Sem pedir licença...
Sem nenhuma indiferença.
E a madrugada canta...
Vasto solo adormecido... Em silêncio.
Um canto amanteigado pelo riso de canto...
Adornados mantos... Um suspiro.



17:29

domingo, 11 de abril de 2010

Avisa-me

Avisa-me

Avisa-me, quando os olhos cerrarem as cores...
Quando o vento serrar, feito foice, as gotas da face...
Abre-se o caminho... Visto-me sozinha... Lanço as voltas dos cadarços...
Sou aço... Reverso dos dias... Uma noite sofrida.

E, quando os versos parecerem doces... Olha-me mais atento... Cada linha, um sofrimento.

Avisa-me quando a morte for azul...
Das coisas únicas revestidas de certezas...
A busca incessante pelas esquinas que desconheço...
Moldes de um fim... Modelo de começos.
E, quando a lua colorir o céu em dueto, fala para mim das estrelas que te contornam...

E, quando as palavras parecerem cruas... São a minha essência absoluta... Cada linha,um recomeço.

Avisa-me, se o destino for lento... Pois, percorro as linhas com os dedos...
Não há entraves que sejam escadas... Os andares somem, mas os passos ficam...
Andarílha de mim... Já desconheço a face que notas...
Minha construção de sentidos... Minha morada.

E, quando o beijo for o último... O resgate será alguma página rabiscada... Cada linha diz aos meus ouvidos: o Amor mais bonito.

Aviso-te, se a vida virar uma teia emaranhada de silêncios...
Andarei sobre as lembranças de cada oceano em gota...
E... Os goles de uma reviravolta... É a certeza que te calo agora...
Desejo que todas as noites se calem... Que passem...

E, quando o dia raiar... Sou apenas metade...

14:51

Ainda Assim

Ainda assim

Os versos mais doces...
Ao profundo mar em tons multicores...
Algumas gotas na face que espantam.
As folhas soltas.

E danço, nas cortinas que se dissipam aos goles da minha boca...

Justamente, agora, em que os passos estavam soltos...
A vida entrelaça os sentidos... Volta-se ao ninho...
Vira-se a queda d'água... Ainda assim, mergulho em mim...

E, danço, nas entrelinhas de um papel sorrateiro aos olhos...

Cais... Em espera que nunca chega...
O saber que o ocorrido se foi em ditos.
Cais... De Neruda... Afundar... "em fosso do silêncio"
O beijo mais profundo.

E... Amo-te... Em salvaguarda.
Firo apenas a garganta desgarrada.



20:52

O menino

O menino

Andava tão assustado, o menino com os pés no chão....
Guardava, no bolso, algumas histórias.
Contava, nos dedos, a grande espera do coração.

Sorriu, de repente... Alçou o outro sorriso...
Tão claro e comovente...
O amor que o menino sente.

Andou pela vida... Saboreou, das frutas, os sonhos.
Brincou com as notas... Lançou-se ao papel.
Menino certeiro alcança o peito da moça, então.

Olhar pequenino... Parece que voa...
Assusta-se... Assusta...
Encanta-se... Envolto nos fios das longas tranças.

Magia de lanças... Quixote e Pança...
Lutou ,bravamente... Moinhos e ventos...
Correu carretéis.

O leve menino, agora, cresceu.


15:30

( "O que o ouvido canta" Poesia infanto-juvenil Nadia Rockenback)

A janela

A janela...

Minha vida lambuzada pelos pingos...
Ouvindo sinos... Andando nas ruas...
Saboreando o vento...

Cada fatia em um lugar certo...
Ainda não sei ao certo...
Saboreio o vento...

A janela canta entreaberta...
Rangem as dobradiças...
Sinais de um tempo enferrujado...

Alcei as palavras mais bonitas...
Voei pela curvas das alças que escorrem pelos ombros...
Do resto, semeei as oportunidades...

Espero a chuva que embaça a vidraça...
O guardar-me em minha caixinha de aço...
Ouvi as palavras... Sempre as ouço.

20:36

Os versos

Os versos...

Entrego os meus laços de fita...
O retirar das tranças, das tramas cadentes pelos ombros.
Ouvi a chuva... Fina e marcante... Apareceram os sinos adornando o meu rosto...
Senti as luzes de mim... Fui ao alto... Olhei os muros e jardins...
Melodia... Melancolia... Nas letras que me convém...
Artes e manhas... Artimanhas... Manhãs em palco...
Um retrato...
Alguns versos... Posso alimentá-los com teu sorriso...
Posso alimentar-me nos sabores das tuas palavras...
Minha boca nua... Um discurso elaborado pelo sentimento que te toca...

23:23

Dominó

Dominó


A estrada leva as ondas...
Mares e marés...
Móveis e Imóveis cantos... Rodas e giros.
Partículas em forma... Rotas.
Sopro o labirinto... Desconstruo em vento forte... Rumo ao norteado sentido.

Saborear os movimentos... Fazer,de um, o começo do fim...
Pedras pintadas em círculos... Retângulos acostumados com o encaixe... Perfeito?
Amar em cubinhos... De gelo... De bombons...

Domino os meus passos... Nosso centrado enlace...
Dominós rodeiam os matemáticos sonhos...
Um mais um... Dois inteiros... Côncavos... Convexos...

Alguns roteiros... No céu da minha boca...

00:37

Pedras

Pedras...

Grudei algumas pedras na parede... Pensei, enquanto isso.
Movi-me por séculos... Fui afoita ao encontro de mim.
Alavanco cada palavra... Retirei cada uma do meu baú-vocabulário... Espalhadas... Soltas no Cosmo... Cada um pega e se enrosca... Molda e envelopa num texto...
Movi as pedras... Fiz um mosaico escovado... Lapidado pelo cuidado, movido feito um clarão... Quebrados cacos pregados pelo cimento da alma.
As pedras soltas da nossa cachoeira... As pedras que guardamos em nossas caixinhas... As pedras que adornam os meus pulsos... Impulsos.
Verdes trigos... Esmeraldas... Sentidos?...
Já não sei... Pensei nisso em cada lasca... Um instante.

02:01

Bocas e salivas

Bocas e salivas...

O verde gosto das sílabas... Tantas palavras ditas... Tantas bocas falando do mesmo tom...
Onde estará o meu pedaço nisso... Um pensar que falha... Ditames de uma intuição que é carranca injusta... Justas saias de uma verdade que deflora... Aflora.
Magia... Gostos... Bocas e salivas... Todos os rastros... Meus pequenos passos.
Amareladas páginas... Nas quais todos desenham aquilo que amam...
Vértices de um pico profundo... Um desconexo plano.
E... A vida ,personificada ,ganha o troféu... Diz, em ouvidos loucos, que os versos ainda são poucos.
Melodia e cores... Amados... Amores...
Ainda não sei de nada... Preciso da face encostada... Precisas palavras ganhariam mais dos meus risos soltos...
E... Ainda sinto... Tenho um minuto... Aguardo o arrancar das máscaras... Passo.

00:40

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Frascos

Frascos...

Estava na estante... Um pequeno frasco debulhado pelas gotas...
Azul, em vitral... Sabores escolhidos... O deslizar dos meus dedos.
Aproximei-me da janela lambuzada pelo calor do quarto e pelo lado oposto, a chuva... Aproximei-me da janela, estava na penumbra da cortina que dançava.

Na cômoda, deixei que alguns frascos virassem cachoeira e que os líquidos escorressem pelo assoalho envernizado...
Segui o coração... Enquanto olhava o espelho que refletia as minhas tranças...
Na casa, olhava o jardim... Um pequeno paraíso de mim...
Algumas páginas amareladas... Entre o livro que amaciei com os olhos...
"Confesso que vivi" tal Neruda que li em ouvidos seletos... Confesso que sempre vivo, em palavras...

Os frascos, abertos em cores, dizem-me que as pérolas adornam o colo serão despidas pelas palmas dos olhos amados...
Sombria noite... Que me desfalece, em um retrato emoldurado...
Os frascos contém a dose certa de mim...