quarta-feira, 7 de abril de 2010

Frascos

Frascos...

Estava na estante... Um pequeno frasco debulhado pelas gotas...
Azul, em vitral... Sabores escolhidos... O deslizar dos meus dedos.
Aproximei-me da janela lambuzada pelo calor do quarto e pelo lado oposto, a chuva... Aproximei-me da janela, estava na penumbra da cortina que dançava.

Na cômoda, deixei que alguns frascos virassem cachoeira e que os líquidos escorressem pelo assoalho envernizado...
Segui o coração... Enquanto olhava o espelho que refletia as minhas tranças...
Na casa, olhava o jardim... Um pequeno paraíso de mim...
Algumas páginas amareladas... Entre o livro que amaciei com os olhos...
"Confesso que vivi" tal Neruda que li em ouvidos seletos... Confesso que sempre vivo, em palavras...

Os frascos, abertos em cores, dizem-me que as pérolas adornam o colo serão despidas pelas palmas dos olhos amados...
Sombria noite... Que me desfalece, em um retrato emoldurado...
Os frascos contém a dose certa de mim...

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